6 DE FEVEREIRO…
…decretado pelas Nações Unidas como dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina por traduzir numa agressão brutal contra a dignidade das mulheres.
Estima-se que 140 milhões de mulheres em todo o mundo sejam mutiladas e que três milhões de meninas estejam em risco anualmente.
O filme recupera imagens do arquivo da RTP, captadas na Guiné-Bissau, e contém testemunhos de três mulheres que vivem em Portugal. “Tivemos um grande apoio da comunidade da Guiné-Bissau, e chegámos às mulheres através de uma associação que é a Filhos e Amigos de Farim”, conta Inês. “Apesar de terem a mutilação genital feminina no seu seio são a comunidade que está mais desperta para a necessidade de falar deste tema. Querem fazer alguma coisa. Agora falta dar poder a estas mulheres, para se tornarem elas próprias a sua voz. É um caminho que vamos fazendo todos juntos“, reflecte a guionista acerca deste seu quinto trabalho documental.
A ideia do documentário surgiu quando Inês soube que a MGF era uma realidade na Europa. “A primeira vez que tive consciência disso foi com um livro da Sofia Branco [Cicatrizes de Mulher]. As coisas foram surgindo, fui falando com a minha irmã e tivemos esta ideia de fazer o trabalho.” Apesar de ser uma prática comum na Guiné-Bissau, Inês Leitão considera que possa ter lugar também em Portugal, apesar de a prática ter diminuído muito com a criminalização. Contudo, a “moda” é tentar levar meninas para África. “Ouvi falar numa mulher que tentou levar crianças para a Guiné no Cacém, e houve qualquer coisa na Damaia…“, recorda.
Para Inês, Portugal deve continuar o combate à MGF em várias vertentes, e “apostar na formação e dar mais poder a estas mulheres“. “Elas deixam uma mensagem de esperança, de quem estabeleceu o compromisso para erradicar este flagelo. Agora se isso acontecerá a curto prazo, tenho sérias dúvidas“, lamenta.