8% dos adolescentes auto agridem-se, mas devem deixar de o fazer

01/01/2012 — hmsportugal

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Tradão e Edição de Imagem Científica:

Um estudo recente revela que cerca de 8% dos adolescentes e dos adultos jovens auto-agridem-se de propósito. A maior parte deles deixa de o fazer com o passar do tempo, mas 1% dos adultos ainda se autoagride aos 29 anos de idade. Estes números provêm de um estudo a longo prazo que envolveu 1.800 adolescentes e adultos jovens. Eles foram inquiridos de tempos a tempos, no que diz respeito à sua saúde e comportamentos. Eles tinham, na sua maioria, cerca de 15 anos de idade quando do início do estudo e 29 quando este foi concluído. No início, cerca de 10% das raparigas e 6% dos rapazes afirmaram que, por vezes, se autoagrediam. Os métodos incluíam os ferimentos por cortes ou as queimaduras ou ainda correr riscos que punham a vida em risco. Os investigadores afirmaram que era bom verificar que a maior parte das pessoas que se autoagrediam deixam de o fazer. Mas o risco é elevado para as pessoas que continuam a fazê-lo. Outros estudos demonstram que as pessoas que são conduzidas ao hospital devido a lesões autoinfligidas apresentam uma probabilidade 100 vezes superior em relação à média de cometerem suicídio. A revista Lancet publicou o estudo e o serviço noticioso da Reuters Health escreveu sobre recentemente sobre ele.

Qual é a reação do médico?

De um modo geral, este estudo dá-nos boas notícias: a grande maioria das crianças que se autoagride deixa de o fazer.

As lesões autoinfligidas são infelizmente muito comuns, especialmente nos adolescentes. De facto, um em cada 12 jovens apresenta este problema. Isto significa que, numa classe média do ensino secundário, existe a probabilidade de duas crianças estarem a autoagredir-se. Os métodos mais comuns são os ferimentos por cortes ou as queimaduras. É muito comum nas pessoas com idade compreendida entre os 15 e os 24 anos. Mas este problema está a ocorrer mais frequentemente nas crianças com apenas 11 ou 12 anos de idade.

Os jovens magoam-se a si próprios por muitas diferentes razões. Para alguns, isto constitui uma forma de sentirem alguma coisa quando se sentem entorpecidos. Outros acham que reduz o stress ou que, muito simplesmente, os faz sentir melhor. Esta situação pode ocorrer se as lesões autoinfligidas libertarem endorfinas, substâncias químicas naturais que proporcionam uma sensação de bem-estar. Os jovens podem ainda autoagredir-se para se punirem ou fazem-no em vez de agredirem outras pessoas. Alguns apresentam esta atitude como forma de pedirem ajuda ou pelo facto dos seus amigos fazerem o mesmo. Muitos, mas não todos, os adolescentes que se autoagridem apresentam uma história de abuso emocional, físico ou sexual.

Neste estudo, investigadores australianos mantiveram o seguimento de cerca de 1.800 jovens entre 1992 e 2008. No final, mais de 1.600 ainda se encontravam no estudo. Em diversas ocasiões, durante esses anos, os investigadores colocaram-lhes questões sobre muitos aspetos da sua saúde física e mental e sobre os seus comportamentos, incluindo as lesões autoinfligidas.

E as boas notícias são as seguintes: 90% dos indivíduos que se autoagrediam tinham deixado de o fazer. Estas são notícias realmente espetaculares.

No entanto, isto não significa que as lesões autoinfligidas são algo que se possa ignorar. O estudo demonstrou igualmente que as pessoas que se autoagridem:

  • Têm uma maior probabilidade de não se limitarem a tentar cometer suicídio, mas a concretizarem-no realmente
  • Apresentam uma probabilidade quase quatro vezes superior de desenvolverem depressão ou ansiedade
  • Têm uma probabilidade duas vezes superior de terem comportamentos antissociais
  • Têm uma probabilidade duas vezes superior de fumarem cigarros, de consumirem marijuana ou de apresentarem um consumo abusivo de álcool.

Assim, as lesões autoinfligidas podem desaparecer espontaneamente, mas as alterações da saúde mental e outros problemas subjacentes a este tipo de comportamento podem persistir.

Que alterações poderei efetuar agora?

É muito importante que os pais e outras pessoas que convivem com os jovens (professores, treinadores, família e amigos) estejam alertados para os sinais sugestivos de lesões autoinfligidas. Estas podem incluir:

  • Lesões ou feridas inexplicadas, especialmente cortes ou queimaduras, que ocorrem regularmente
  • Pequenos cortes em linha reta, especialmente nos braços ou nas pernas
  • Manchas inexplicadas de sangue no vestuário ou na roupa da cama
  • “Acidentes” frequentes que resultam em lesões (por exemplo, eles podem alegar que foram arranhados por um gato)
  • Uso permanente de vestuário com mangas compridas e calças compridas, mesmo quando o tempo está quente ou dentro de casa
  • Desejo de estar só durante longos períodos de tempo, especialmente no quarto ou na casa de banho
  • Achado de objetos pontiagudos ou cortantes (tais como lâminas da barba, cápsulas de garrafas ou tesouras) no quarto da pessoa ou nos seus pertences
  • Alterações do comportamento, especialmente alterações do humor, irritabilidade ou isolamento dos amigos e da família.

É importante estabelecer uma aproximação com os adolescentes que mostram alguns destes sinais. Eles devem ser avaliados pelo seu médico e/ou profissional de saúde mental.

É alarmante o facto das lesões autoinfligidas serem tão comuns ― e é ainda mais alarmante que este problema esteja a aumentar. Estudos como este são úteis. Eles proporcionam-nos mais informações de que necessitamos para compreendermos melhor o motivo pelo qual as pessoas têm este tipo de comportamento, bem como o que podemos fazer para as ajudar e mesmo para prevenir este problema.

Espera-se que este estudo e outros semelhantes nos ajudem a manter os jovens ― os adultos de amanhã ― mais seguros, mais saudáveis e mais felizes.

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