A artista brasileira Angelica Dass está tentando catalogar toda a gama de tons de pele humana para criar o que ela chama de “inventário cromático” de toda a humanidade. O projeto intitulado Humanae consiste em fotografar as pessoas em um fundo branco, e logo após pegar uma amostra de 11×11 pixels da pele na imagem, resultando em um dos milhares tons de cores existentes no banco internacional de Pantone.
Em seguida, Angelica Dass preenche o fundo branco da imagem com a cor extraída da pele, e lista o código atribuindo logo abaixo na imagem. A sua experiência como designer de moda ajudou no que diz respeito ao código de cores Pantone. “Esta codificação técnica rigorosa, apelidada de ‘cor real’, permite brincar com os códigos resultantes em nossas cores, diferenças e semelhanças, levando-os ao extremo que é a realidade. A Realidade e a Humanidade fazem o resto”, diz Dass.
“Comecei fotografando os meus familiares para uma árvore genealógica que retratava as nossas cores. Logo passei para os meus círculos de amigos e percebi que seria muito interessante expandir o trabalho incluindo outras pessoas”, diz em entrevista à BBC Brasil.
Angélica Dass mantém o projeto no seu coração, como ela cresceu em uma família mestiça no Rio de Janeiro, enfrentando incontáveis discriminações sobre a cor de sua pele. “Toda vez que eu tiro uma foto, sinto que estou sentado na frente de um terapeuta”, disse ela em um TED TALK em 2016. “Toda a frustração, medo e solidão que uma vez senti… Se torna amor”. Assim como a constante evolução das aparências e identidades humanas, a Humanae está em andamento e servirá o seu propósito enquanto as paredes que nos separam sejam derrubadas.
in, Acta Mundi, 04.05.2017, Felipe Hack